buffon em londres

Relatos esporádicos de uma existência em Londres

Friday, June 30, 2006

CONVERSA DE TALHO


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Originally uploaded by bmanteigas.

Amanhã é o grande jogo e os ingleses estão confiantes. Com os holandeses reduzidos a escalopes de vitela e os espanhóis a tapas de chouriço, os nossos adevrsários estão ansiosos por fazer da selecção portuguesa carne picada. Quanto a nós, mais uma refeição de bifes não nos fazia mal. Bem passados, de preferência.

BRUNÔ OU BRUUNOU?

Hoje levei a B. para receber a vacina da Meningite C, que é obrigatória no Reino Unido. Numa sala cheia de crianças e mulheres acabei por entabular conversa com uma alemã, fruto dos avanços da nossa menina a uma bola alheia. A certa altura, a alemã pergunta-me se sou francês! Esta observação torna-se ainda mais curiosa quando me lembro que, há cinco anos, passava por inglês junto dos franceses, alegadamente por causa do meu sotaque. A mesma justificação invocada pela minha interlocutora. "Se calhar viveu demasiado tempo lá...", avançou ela. E é capaz de ter razão.

Wednesday, June 28, 2006

EM PARIS

No fim-de-semana passado fomos até à terra da B. O nosso camarada de resistência e da rive gauche, A.G., deu finalmente à luz a sua tese sobre a palheta dupla. Durante quatro anos acumulou sabedoria sobre esta importante peça do oboé, nomeadamente, e expô-la brilhantemente na segunda-feira a uma audiência de especialistas e leigos. Houve consenso na apreciação de que o resultado é um marco para o estudo deste assunto. Afinal sempre tinha resultados para mostrar...
Tudo isto foi também um pretexto para revermos alguns amigos - mas não todos, infelizmente, porque a chuva impediu que se fizesse um picnic "rassembleur". A mesma chuva "obrigou-nos" a visitar o Museu d'Orsay, o que foi para mim uma estreia. Cinco anos naquela cidade e só quando voltei como turista é que resolvi entrar. Pouco impressionado pelas correntes expostas, vale essencialmente pelo edifício (opinião discutível, claro). 

EMOÇÕES FORTES


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Originally uploaded by bmanteigas.

No sábado, a nossa pequena faz um ano. Vários pais experientes avisaram-nos que "eles crescem num instante". Pois eu não tive essa impressão até agora. Cada dia que olho para ela vejo um teste de gravidez, uma barriga grande, uma mala num hospital, uma "leitessuga" e muitas outras coisas. Podemos precisar o dia em que tomou o primeiro biberão, comeu sólidos pela primeira vez ou provou um gelado. E também quando degustou a melhor areia de Islington. Tudo isto foi hoje.

Wednesday, June 07, 2006

MAIS FOTOS

Tenho tido algum pudor em pôr aqui as fotos de família e estou a estudar uma alternativa mais privada. Espero ter novidades em breve. 

BOA VIDA

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Confesso que tenho tido alguma vergonha em passar por aqui porque nem sempre tenho disposição para fazer deste blogue uma página positiva e bem-humorada. As perspectivas de emprego que tinha não se concretizaram (ainda?) e estou há várias semanas em casa. Basicamente vou gerindo o quotidiano doméstico, enquanto passo o tempo a ler jornais, a ver televisão ou a procurar trabalhos temporários na Internet. Tenho-me sentido frustrado porque não gosto de ficar parado - aliás, não fico, garanto-vos. Sinto remorsos porque a B. passa o dia na ama e porque não estou a contribuir para o orçamento familiar, que obviamente não chega para cobrir todas as despesas, ainda por cima em Londres. Calma, ainda estamos longe da penúria e de comer cereais ao jantar. Mas faz-me confusão este desequilíbrio porque desde os 12 ou 13 anos, quando passei a ter uma mesada, que interiorizei que não se gasta mais do que se tem.
Apesar de isto estar a pesar na consciência, continuo esperançado de que as coisas melhorem, como aconteceu quando me instalei em Paris. Vamos dar mais um tempo para ver se volto a fazer aquilo que gosto - e a ser remunerado por isso. Senão, a vida continua e tenho de procurar outro caminho.
Apesar da luta interna com a minha consciência e frustrações, não me posso queixar muito. A P. tem-me apoiado bastante e nunca fez qualquer crítica à situação. Mas o melhor de tudo é mesmo a disponibilidade que tenho para a B. Não trocava por nada deste mundo o despertar às seis da manhã com aquele "huhu" e a alegria dela em nos (re)ver através das grades da cama. E saboreio com especial prazer os finais de tarde solarengos no jardim com ela a delirar cada vez que vê um cão. Hoje, a P. teve de trabalhar mais cedo e não pôde levar a B. à Fran, como é hábito. Mas saímos todos juntos até à estação de metro e depois levei a pequena ao parque infantil. A felicidade dela em começar o dia de maneira diferente, a andar de baloiço, deixa-me menos remorsos. E lembra-me que a sorte é mesmo assim, vai e vem.