buffon em londres

Relatos esporádicos de uma existência em Londres

Wednesday, August 02, 2006

A DUAS SEMANAS DAS FÉRIAS

O ritmo de trabalho tem acelerado e não tenho tido tempo para dar notícias, mas posso dizer que está tudo bem. As miúdas estão finas e a mais pequena mais esperta e mais susceptível: se a contrariam, é grito e choro na certa. Mas as birras da criança dos fartos caracóis não lhe apagam o charme dos seus 13 meses. Já tem um sorriso com cinco dentes, imita palavras como "olá" (lálá), "bye bye", "pápá" e "mamã" - mas apenas para uma audiência restrita. Quanto a mim, na semana passada troquei palavras e cumprimentos com estrelas de Hollywood. Estive sentado ao lado do "óscarizado" Jamie Foxx, Naomi Harris, Gong Li e frente-a-frente com o realizador Michael Mann. Como profissional, levei isto a sério e não me intimidei. Mas é sempre uma experiência conversar ao mesmo nível com uma pessoa que milhões de pessoas admiram. O filme em causa era "Miami Vice" e o que posso dizer é que ajustou-se perfeitamente às minhas expectativas. 

E A GUERRA CONTINUA

Já passou quase um mês desde o início desta guerra imbecil. As televisões britânicas têm directos permanentes a partir do Líbano, Israel e de outras partes do mundo onde hajam notícias sobre o conflito. Os melhores apresentadores transferiram-se para o campo de batalha e dirigem a emissão durante horas vestidos de coletes à prova de bala e num cenário de explosões, fumo e destruição. E é assim que conseguimos assistir em directo a bombardeamentos dos dois lados e ouvir testemunhos comoventes. Os jornais britânicos têm estado a fazer um trabalho sensacional, dando a primeira página às histórias das pessoas que nos deixam um nó na barriga. Se antes de ser pai já me custava aguentar o sofrimento das crianças, quando hoje leio no Guardian que quase 300 das 830 mortes do lado libanês foram crianças fico de lágrimas nos olhos. Faço um esforço para não culpar exclusivamente os israelitas - porque não é justo. Procuro distanciar-me da vitimização feita dos libaneses que muitas vezes usam para os palestinianos. Mas isto já foi além da "reacção desproporcionada".