buffon em londres

Relatos esporádicos de uma existência em Londres

Tuesday, November 28, 2006

OUTONOS



Friday, November 24, 2006

VENENO

Parece-me que o governo britânico fez o mais lógico: um tipo morreu alegadamente envenenado devido a uma misteriosa substância que pode ser radioactiva. O mais importante agora é ser dada informação sanitária sobre venenos e assegurar o público. O facto de o falecido ser um ex-agente secreto soviético, crítico de Vladimir Putin e de outros dirigentes russos, é pouco relevante, a não ser para aqueles que fazem campanha contra Putin. Mas, claro, uma conspiração dos serviços secretos ex-KGB é mais empolgante. Ainda por cima em plena campanha do novo filme 007. Mais uma acha para os teóricos da conspiração?

BBC

De tanto gostar da BBC, não posso deixar de odiá-la pelos defeitos que tantas vezes mostra, especialmente no canal de informação. Nesta semana ocupou-se com fervor na cobertura do estado de saúde do ex-espião Alexander Litvinenko [que morreu hoje], mas a certa altura sentiu-se na obrigação de dizer que "haviam alguns rumores" sobre a origem do envenenamento. Ora, se houveram rumores, foi porque a BBC - e outros canais - não se cansaram de os transmitir e repetir todos os quartos de hora. Primeiro era tálio, depois tálio radioactivo e agora já não é nada disso, é uma substância desconhecida. Mas hoje reconciliei-me com a BBC, ao ver um jornalista no Iraque minutos depois de ser noticiado mais um atentado no país. O apresentadorem Londres pediu-lhe uma reacção ao atentado. "- Eu não tenho essa informação", responde, impávido [e, na minha opinião, chateado por estar a fazer o milésimo directo do dia]. Claro, o tipo está em Bagdad, porque é que saberia de imediato e como poderia comentar o que se passou a dezenas de quilómetros? Falou, sim, do que se estava a passar em Bagdad, como lhe competia. Optou pelo rigor e não pela especulação.

BALADAS


Nos intervalos da chuva e do frio, os Highbury Fields continuam a ser o nosso território preferido para sair. O Outono está em plena marcha e nas manhãs ventosas os caminhos estão alcatifados de folhas amarelas, laranjas e castanhas. Podemos pisá-las e reconhecer o som de caracóis esmagados. Também gostamos de chutá-las e desfazer o trabalho de quem as varreu para a beira do trilho.

Thursday, November 23, 2006

UM FLASHBACK

Na semana passada conseguimos ir juntos ao cinema. Passaram quase dois anos desde a última vez que fomos juntos ao cinema, fosse por causa do trabalho, da tese, da gravidez, do cansaço ou, principalmente, dos afazeres com a nossa filha. É uma das consequências da paternidade: o casal perde tempo e intimidade e passa a devotar-se ao rebento. A situação piora quando se vive longe da família e dos amigos mais próximos. Enfim, o importante é que voltámos ao cinema. Fomos ver "Special", um filme independente norte-americano, no National Film Theatre, a cinemateca cá do sítio. Era como se o tempo voltasse atrás: tivémos de correr o tempo todo para chegar à sala apenas minutos antes do início. Como era uma ante-estreia, tivémos direito a um discurso de um director de festival de cinema. E voltámos a estar no meia de uma audiência de cinéfilos exigentes ou apenas curiosos, evitando a massa que não se importa de ver "Borat" ou o novo James Bond. Eu importo-me. O filme foi bom - sem ser óptimo. Não tem interpretações extraordinárias nem diálogos fulminantes - como em Borat- , mas é, como dizia o nosso anfitrião, "uma boa ideia, bem concretizada". Para culminar a saída, ainda pudémos beber uma cerveja em Convent Garden antes de voltar a casa, onde a nossa descendente dormia tranquila o seu sono ao lado da avó, a guardiã daquela noite.

Tuesday, November 14, 2006

Vocabulário

Puppy: cão; Péppy: Paddy (cão da vizinha): Papu: pássaro; Pan: pão. Barbapapa: Barbapapa.

Thursday, November 02, 2006

Brrrrrr

Está um frio do camandro. 

Wednesday, November 01, 2006

Pagão na mesma moeda

A propósito de Halloween, foi dada a notícia de que o governo britânico iria aliviar as tarefas aos prisioneiros pagãos para que pudessem festejar o 31 de Outubro, que no calendário celta, corresponde à véspera de ano novo. A razão fundamental é a de que todas as religiões devem ser tratadas de forma justa e decente. Segundo consta, estão detidos nas prisões britânicas cerca de 300 pagãos. [Numa definição simplista, os pagãos adoram vários Deus (politeístas) em vez de um só e acreditam que tudo é Deus (panteístas)] O episódio podia ficar aqui, pelo insólito, não estivesse a actualidade recente recheada de histórias contra as religiões: uma apresentadora cristã de tv proibida, depois autorizada a usar uma pequena cruz em frente às câmaras, uma professora muçulmana suspensa, depois expulsa, por usar nas aulas o niqab, o véu que lhe cobre completamente a cara menos os olhos, uma funcionária da British Airways também suspensa porque insiste em usar uma cruz por cima da farda.... Esta discussão sobre os símbolos religiosos (que os franceses resolveram com, claro!, uma lei) só leva ao radicalismo: esta semana vi um condutor do autocarro usar ostensivamente uma medalha e um cruxifixo dourado com uns 10 cm por cima da gravata da farda. Se começam a dar conversa aos pagãos, qualquer dia temos druidas na rua de chapéu em bico e foice em punho.

O que é que faço aos caramelos?

Ontem foi a Noite das Bruxas. Era difícil falhar a data: há semanas que várias lojas começaram a enfeitar as montras com caras de abóboras, aranhas de plástico, disfarces de bruxas e outros adereços bastante assustadores. Nos supermercados passaram a vender pequenas abóboras "ideais para o Halloween". E um pub aqui perto, o Edinburgh Cellars, anunciava na vitrina uma festa de disfarces de Halloween e prémios para os melhores (tentador...). E ontem aconteceu finalmente! Quando a Bee e eu regressávamos a casa vimos vários grupos de miúdos mais ou menos mascarados, pintados, com os cabelos desgrenhados e sacos na mão a pedir doces porta a porta. Tínhamos uns caramelos destinados aos que nos viessem ameaçar "trick or treat". Acendemos a nossa abóbora, enfiámos os nossos chapéus de bruxos e os dentes de vampiro, afiámos os tridentes de diabo e aguardámos ansiosamente que alguém batesse. Mas ninguém veio.