buffon em londres

Relatos esporádicos de uma existência em Londres

Thursday, April 20, 2006

Histórias da mudança: a lógica certa

Nas grandes lojas é raro haver um erro. A máquina está tão bem oleada que o engano é quase impossível. Mas sonhamos sempre que esse escasso acontecimento suceda connosco e que, sem prejudicar o empregado, acabemos por adquirir um artigo por um preço inferior. Na nossa inevitável visita a uma filial de uma cadeia de mobilário sueca, o milagre aconteceu! Na factura não apareceu registada a mesa de refeições que cuidadosamente escolhemos. Considerámos o acto uma gentileza da parte da multinacional a um jovem casal acabado de instalar em Londres. O problema é que a companhia de transportes que devia trazer as compras a casa esqueceu-se precisamente daquele pacote. Um telefonema à meia-noite ao funcionário da empresa que efectuou a entrega não surtiu o efeito desejado, o qual alegou que tinha depositado todos os artigos e que teríamos de esperar pela manhã para reclamar. Ficámos indignados e apreensivos: "ficaram com a nossa mesa e nem temos prova de que a comprámos". Este não era o epílogo que esperávamos para o nosso dia de compras. A excursão tinha sido devidamente preparada com a redacção cuidada de uma lista de artigos necessários para as diferentes divisões da casa. O orçamento foi feito por alto, pois o objectivo era apenas abastecer-nos do essencial. Chegámos ao local a tempo de comer uma ração económica de almôndegas e salmão e só depois entrámos no dito antro do consumismo. De fita métrica na mão, lápis na orelha e olho na calculadora, começámos a colher objectos e referências. Finda a apanha, dirigimo-nos à caixa registadora, onde pensávamos que o maior choque seria a conta a pagar. Não, somos informados que temos de recolher todos os objectos e que a entrega ao domicílio é feita por uma companhia externa. Voltamos atrás, metemos as caixas todas no carrinho e por fim entregamos a mercadoria à dita empresa. Foi ao rever o filme da véspera que a luz se fez na manhã seguinte: e se, com a pressa, nos tivéssemos esquecido de embarcar a mesa?

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